1. OS PROBLEMAS DA FILOSOFIA DA
LINGUAGEM[1]
José
Aristides da Silva Gamito
1.
Introdução
A Filosofia da
Linguagem e a Epistemologia trabalham com questões de fundamentos e estruturas
da filosofia. Enquanto, diversas áreas discutem conteúdo e teorias diversas. As
áreas cognitivas e da linguagem procuram entender o mecanismo de produção de
conhecimento e de significado da mente humana. Sempre se pensou nos problemas
da linguagem. Os filósofos gregos antigos se ocuparam de quase todas as áreas.
Platão discutiu o problema da linguagem no Crátilo.
Aí aparece a preocupação se a linguagem de fato representa as coisas às quais
se refere no mundo. Aristóteles abordou o assunto da linguagem nas Categorias discorrendo sobre a estrutura
das asserções em termos de sujeitos e predicados e no De Interpretatione estabeleceu a relação entre palavras, ideia e
coisas. Na era moderna, juntamente
com o problema do conhecimento, John Locke no Ensaio sobre o Entendimento Humano analisou as ideias e a linguagem
e Jean-Jacques Rousseau, no Ensaio sobre a Origem das Línguas, sobre
a origem das línguas nas paixões.
No entanto, a filosofia
da linguagem contemporânea tem suas raízes no século XX. São três grandes
referências para a filosofia da linguagem: Gottlob Frege (1848-1925), Bertrand
Russell (1872-1970) e Ludwig Wittgenstein (1889-1951). A filosofia da linguagem
se ocupa sobre o que ocorre quando usamos a linguagem, seu foco é a
representação do mundo por meio da linguagem. Ou, propriamente dito, a produção
de significado.
São três as ideias que
fundamentam a origem da filosofia da linguagem: um princípio de arbitrariedade
– o uso das palavras é arbitrário; um princípio fregeano de contexto - as
palavras têm sentido no contexto e um princípio de composicionalidade – o
entendimento da totalidade das frases depende do entendimento de seus
componentes.[2]
As tarefas da filosofia
na abordagem da linguagem devem ser elaborar uma teoria geral da linguagem,
pensar a problemática de sua origem, a relação entre linguagem e pensamento, a
representação da realidade pela linguagem e o papel da linguagem no processo
cognitivo. A psicologia cognitiva abordagem a linguagem com a intenção de fazer
descrições e funções do conhecimento. A localização física desses processos da
linguagem cabe à neurolinguística. O campo da filosofia da linguagem é mais
abstrato, conceitual e geral.[3]
Os pensadores do século
XX começaram estudando os seguintes temas: sentido e referência e a relação
entre pensamento, linguagem e mundo. Frege rejeita uma identificação entre o
sentido (Sinn) e a referência (Bedeutung). A referência é um termo que
associa uma palavra a um objeto. O sentido é a associação da palavra ao objeto.[4]
Frege considerava que devemos entender primeiro como funciona a linguagem para
depois nos determos sobre o conhecimento das coisas. O pensamento depende da
linguagem e as línguas nem sempre dão conta da expressão da realidade. A
linguagem vai além da língua. A expressão depende de um contexto específico.
Bertrand Russell traz
sua contribuição relacionando a linguagem à lógica. A linguagem precisaria de
uma análise lógica para revelar a sua estrutura geral. Ele acreditava que essa
estrutura da linguagem corresponderia à estrutura da realidade. O objetivo da análise é descobrir os enganos
da linguagem. Nesse sentido, podemos apontar as descrições de entes não
existentes.
Wittgenstein continua a
discussão sobre a correspondência entre linguagem e mundo. Ao se deparar com os
limites da linguagem, o filósofo afirma que há áreas sobreas quais não podemos
expressar, apenas mostrar. Na segunda fase de sua obra, ele vai identificar a
linguagem com seu uso e não como correspondência necessária entre pensamento e
realidade.[5]
Referências:
FREGE, Gottlob. Sobre o sentido e
a referência. In: FREGE, Gottlob. Lógica
e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Edusp, 2009.
COSTA, Cláudio. Filosofia da linguagem. Rio de Janeiro:
Zahar, 2007.
[1]
Texto-referência para a
introdução das aulas de Filosofia da
Mente e Filosofia da Linguagem para o 3º ano de filosofia do Seminário
Diocesano Nossa Senhora do Rosário do dia 22/02/2021. Contato: joaristides@gmail.com.
[2]
MIGUENS, Sônia. Filosofia da Linguagem: uma introdução.
Porto: SerSilito, 2007, p. 28.
[3] SILVA, Lucas Duarte. Filosofia da Linguagem. Indaial:
Uniasselvi, 2013, p. 4.
[4]
SILVA, 2013, p. 6.
[5]
SILVA, 2013, p. 37-42.
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