Social Icons

sábado, 22 de maio de 2021

Introdução à Filosofia da Linguagem

1.     OS PROBLEMAS DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM[1]

 

José Aristides da Silva Gamito

1.    Introdução

 

A Filosofia da Linguagem e a Epistemologia trabalham com questões de fundamentos e estruturas da filosofia. Enquanto, diversas áreas discutem conteúdo e teorias diversas. As áreas cognitivas e da linguagem procuram entender o mecanismo de produção de conhecimento e de significado da mente humana. Sempre se pensou nos problemas da linguagem. Os filósofos gregos antigos se ocuparam de quase todas as áreas. Platão discutiu o problema da linguagem no Crátilo. Aí aparece a preocupação se a linguagem de fato representa as coisas às quais se refere no mundo. Aristóteles abordou o assunto da linguagem nas Categorias discorrendo sobre a estrutura das asserções em termos de sujeitos e predicados e no De Interpretatione estabeleceu a relação entre palavras, ideia e coisas. Na era moderna, juntamente com o problema do conhecimento, John Locke no Ensaio sobre o Entendimento Humano analisou as ideias e a linguagem e Jean-Jacques Rousseau, no Ensaio sobre a Origem das Línguas, sobre a origem das línguas nas paixões.

No entanto, a filosofia da linguagem contemporânea tem suas raízes no século XX. São três grandes referências para a filosofia da linguagem: Gottlob Frege (1848-1925), Bertrand Russell (1872-1970) e Ludwig Wittgenstein (1889-1951). A filosofia da linguagem se ocupa sobre o que ocorre quando usamos a linguagem, seu foco é a representação do mundo por meio da linguagem. Ou, propriamente dito, a produção de significado.

São três as ideias que fundamentam a origem da filosofia da linguagem: um princípio de arbitrariedade – o uso das palavras é arbitrário; um princípio fregeano de contexto - as palavras têm sentido no contexto e um princípio de composicionalidade – o entendimento da totalidade das frases depende do entendimento de seus componentes.[2]

As tarefas da filosofia na abordagem da linguagem devem ser elaborar uma teoria geral da linguagem, pensar a problemática de sua origem, a relação entre linguagem e pensamento, a representação da realidade pela linguagem e o papel da linguagem no processo cognitivo. A psicologia cognitiva abordagem a linguagem com a intenção de fazer descrições e funções do conhecimento. A localização física desses processos da linguagem cabe à neurolinguística. O campo da filosofia da linguagem é mais abstrato, conceitual e geral.[3]

Os pensadores do século XX começaram estudando os seguintes temas: sentido e referência e a relação entre pensamento, linguagem e mundo. Frege rejeita uma identificação entre o sentido (Sinn) e a referência (Bedeutung). A referência é um termo que associa uma palavra a um objeto. O sentido é a associação da palavra ao objeto.[4] Frege considerava que devemos entender primeiro como funciona a linguagem para depois nos determos sobre o conhecimento das coisas. O pensamento depende da linguagem e as línguas nem sempre dão conta da expressão da realidade. A linguagem vai além da língua. A expressão depende de um contexto específico.

Bertrand Russell traz sua contribuição relacionando a linguagem à lógica. A linguagem precisaria de uma análise lógica para revelar a sua estrutura geral. Ele acreditava que essa estrutura da linguagem corresponderia à estrutura da realidade.  O objetivo da análise é descobrir os enganos da linguagem. Nesse sentido, podemos apontar as descrições de entes não existentes.

Wittgenstein continua a discussão sobre a correspondência entre linguagem e mundo. Ao se deparar com os limites da linguagem, o filósofo afirma que há áreas sobreas quais não podemos expressar, apenas mostrar. Na segunda fase de sua obra, ele vai identificar a linguagem com seu uso e não como correspondência necessária entre pensamento e realidade.[5]

 

Referências:

 

FREGE, Gottlob. Sobre o sentido e a referência. In: FREGE, Gottlob. Lógica e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Edusp, 2009.

 

COSTA, Cláudio. Filosofia da linguagem. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

 

SILVA, Lucas Duarte. Filosofia da Linguagem. Indaial: Uniasselvi, 2013.


[1] Texto-referência para a introdução das aulas de  Filosofia da Mente e Filosofia da Linguagem para o 3º ano de filosofia do Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário do dia 22/02/2021. Contato: joaristides@gmail.com.

[2] MIGUENS, Sônia. Filosofia da Linguagem: uma introdução. Porto: SerSilito, 2007, p. 28.

[3] SILVA, Lucas Duarte. Filosofia da Linguagem. Indaial: Uniasselvi, 2013, p. 4.

[4] SILVA, 2013, p. 6.

[5] SILVA, 2013, p. 37-42.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 

FACEBOOK

FACEBOOK
Acesse a página.

LEITURA RECOMENDADA

LEITURA RECOMENDADA
Romance da História da Filosofia