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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Helenismo

ZENÃO DE CÍTIO E O ESTOICISMO

Os filósofos helenistas se ocuparam de outros assuntos também, mas consideraremos para os nossos estudos somente o pensamento ético do período por causa da sua influência na época. Zenão de Cítio (333 - 263 a. C.) abordou o problema da felicidade e da vida virtuosa.
            O pensamento ético estoico parte do conceito de virtude. Virtude é o movimento do animal para se autopreservar  e viver segundo a natureza. O homem conta com o auxílio da razão nesta tarefa, diferentemente dos outros animais. O homem não virtuoso não segue a ordem da razão e vive na ignorância impulsionado pelas paixões. As paixões são escolhidas pelos falsos juízos sobre o valor dos bens externos.
            A finalidade do homem virtuoso no pensamento estoico é se tornar sábio. O sábio, na definição estoica,  é aquele que adquiriu imunidade ao erro, ele se guia segundo a razão. Mesmo sendo o sábio aparentemente apático, ele preserva algumas afecções como a alegria, a vontade e a prudência.
Enquanto o epicurismo toma o prazer como princípio e fim de uma vida feliz, o estoicismo privilegia o dever. O ideal de de virtuosa exige austeridade: Resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo, a indiferença ante as riquezas materiais. O estado final do homem sábio é apatia (indiferença).
Mais tarde, o estoicismo chegou a Roma. Um dos maiores sintetizadores romanos do pensamento estoico foi Sêneca (4 a. C. - 65 d. C.).  A citação abaixo da obra de Sêneca “Sobre a Tranquilidade da Alma”nos dá a ideia do ideal estoico:
“Habituemo-nos a ter o luxo à distância e a fazer uso da utilidade dos objetos e não de sua sedução exterior. Comamos para matar a fome, bebamos para apagar a sede e reduzamos ao necessário a satisfação de nossos desejos. [...]. Aprendamos a cultivar em nós a sobriedade e a moderar nosso amor ao fausto; a reprimir nossa vaidade, a dominar nossas cóleras, a considerar a pobreza com um olhar calmo, a considerar a frugalidade, apesar de todos aqueles que acharão aviltante satisfazer tão modestamente a seus desejos naturais; a não ter nas mãos, por assim dizer, as ambições desenfreadas de uma alma sempre inclinada para o dia seguinte e a esperar a riqueza menos da sorte do que de nós mesmos.”(IX, 2).

QUESTÕES
1. Explique o conceito de virtude dos estoicos.
2. Qual o papel da razão na busca por uma vida virtuosa?
3. Indique se é verdadeiro ou falso:
(    ) A razão é desnecessária na busca da felicidade.
(    ) Os juízos falsos nos conduzem às paixões.
(    ) O prazer possui um espaço privilegiado na ética estoica.
(    ) Tornar-se virtuoso exige austeridade, disciplina.
4. O que é necessário para se tornar sábio?
5. Comente: “O sentido da vida consiste em estar de acordo com a natureza”.
6. Considerando a citação de Sêneca no texto acima, como você resumiria o ideal de vida dos estoicos?

7. Quais as principais diferenças entre epicurismo e estoicismo?

Linguagem: Questão dos Universais

LINGUAGEM: RELAÇÃO ENTRE PALAVRAS E COISAS

Questão: As palavras são meras representações das coisas (realidade) ou partes integrantes delas?

Na história da filosofia, há duas respostas para este problema: Convencionalismo e naturalismo. A postura convencionalista defende que a linguagem é um acordo sobre o significado das palavras entre os membros da comunidade. É uma convenção. Essa posição foi defendida pelo filósofo francês Roscelin de Compiègne (1050-1120).
Os naturalistas são defensores da ideia de que as palavras são partes consitutivas da natureza das coisas. Essa postura foi defendida pelo filósofo francês Guilherme de Champeaux (1070-1121).
Durante a Idade Média, esse tema foi muito debatido e motivo de controvérsias acadêmicas. Essa discussão ficou conhecida como “questão dos universais”.
Pedro Abelardo (1079-1142) apresentou uma terceira opção: O realismo moderado. Para esse pensador as palavras dizem respeito a coisas singulares, chegamosa ideias gerais por abstração.
No século XX, com o desenvolvimento da filosofia da linguagem, o filósofo alemão Ludwig Wittgenstein (1889-1951) explica a linguagem como uma constituição de jogos que são definidos pelo seu uso social. Utilizamos a linguagem para dar ordem, para pedir desculpas, para censurar. O significado de uma palavra é estabelecido pelo seu uso. Portanto, um conceito não é uma entidade mental. Além disso, ele depende de uma interação social. O emprego de um termo é controlado por uma correção pública. Não há espaço para uma linguagem privada.

QUESTÕES
1. Faça a distinção entre convencionalismo e naturalismo.
2. Quais os principais filósofos defensores das duas posturas apresentadas no texto?
3. O debate sobre a relação entre palavras e coisas ficou conhecido na Idade Média como:
a) Questão das Investiduras.
b) Questão dos Universais.
c) Postura convencionalista.
d) Postura naturalista.
4. Como Pedro Abelardo procura resolver a controvérsia sobre os universais?
5. Em que sentido, Wittgenstein afirma que a linguagem é constituída de jogos?
6. Enumere e indique a definição dos termos abaixo:
(1) Convencionalismo.
(2) Naturalismo.
(3) Questão dos Universais.
(4) Ludwig Wittgenstein.

(   ) É a discussão sobre se a linguagem é mera convenção ou se faz parte da natureza das coisas.
(   ) Definiu a linguagem como jogos.
(   ) A linguagem é entendida como parte constituinte da natureza das coisas.

(   ) A linguagem é mera convenção.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Natureza e Cultura III: A linguagem

A LINGUAGEM
                                                                  
     A linguagem é uma das habilidades que o ser humano desenvolveu e que serviu de marco para o início da cultura. Podemos dizer que linguagem é um conjunto de signos que nos indica algo distinto deles e é compreensão de todos aqueles que dominem esse código. Os substantivos são signos sonoros que nos indica algo que está na realidade ou na mente do falante.
     Os eventos mais marcantes da história da linguagem são a criação do alfabeto, a invenção da imprensa e o desenvolvimento da linguagem eletrônica utilizada nas mídias modernas. Antes da invenção do alfabeto os conhecimentos transmitidos oralmente. A partir do século IX a. C., desenvolveu-se o alfabeto grego (baseado no fenício), facilitando a propagação da linguagem escrita na Grécia, dando início várias transformações sendo uma delas o surgimento da filosofia. A linguagem que era inicialmente da ação, dos fatos, transforma-se em linguagem de reflexão.
     A partir do século XV, com o surgimento da imprensa acontece uma nova revolução. A invenção de Gutenberg possibilitou a rápida circulação das ideias. No século XX, o desenvolvimento da linguagem tecnológica trouxe mais benefícios, sendo um dos mais importantes a aproximação das pessoas que se comunicam. A distância deixa de ser um problema. Como resultado disso, o mundo se transformou em uma “aldeia global” na expressão do comunicólogo canadense Marshall MacLuhan na década de 70. A expressão máxima dessa nova linguagem é a internet.
     A linguagem causa tanto impacto e transformações nas sociedades humanas que podemos afirmar que o homem é um ser fundamentalmente linguístico. É por intermédio da linguagem que classificamos nossas experiências, expressamos tais experiências para as outras pessoas, reconhecemos as experiências alheias, as compartilhamos e causamos transformações no modo de viver e de entender o mundo.

QUESTÕES

1.    Apresente uma definição para a palavra linguagem.
2.    Quais foram os eventos que marcaram a história da linguagem?
3.    A introdução do alfabeto grego favoreceu o desenvolvimento do pensamento reflexivo e raciona, bem como a separação entre linguagem e ação. Comente essa tese.
4.    Que contribuição trouxe a invenção da escrita?
5.    De acordo com sua observação comente: A internet une mais as pessoas ou as separa?
6.    Justifique a seguinte afirmação: O ser humano é um ser fundamentalmente linguístico.
7.    Debata com colegas o impacto das novas mídias eletrônicas no modo de vida das pessoas. Quais você mais utiliza? Elas estão transformando sua maneira de relacionar-se como o mundo?
8.    Pesquise na internet a história do surgimento das redes sociais, apontando os benefícios e malefícios que elas podem trazer para vida dos usuários (Atividade a ser realizada em casa).

terça-feira, 8 de abril de 2014

Política II

POLÍTICA NA FILOSOFIA ANTIGA
                                                                  
   

  A teorização da atividade política se inicia com a obra A República de Platão. Platão (428 a. C – 348 a. C.) desconfiava da democracia. A sociedade deveria ser dirigida por homens sábios. O Estado ideal na concepção platônica teria as seguintes características: Ele seria responsável pela educação das crianças, deveria se evitar casamentos entre desiguais, todas as crianças deveriam ser educadas de forma igual até os 20 anos, depois dessa idade cada um seria educado de acordo com as aptidões. Os indivíduos com maior capacidade de pensar seriam admitidos ao governo da cidade. O político ideal seria o filósofo.
Aristóteles de Estagira (384 a. C – 322 a. C.), discípulo de Platão, ampliou a discussão. Ele define o homem como um animal político (zóon politikón). A natureza humana é fundamentalmente política, ou seja, tendente a viver em comunidade. Ele só realiza plenamente vivendo em sociedade.
     A sociedade política é considerada pelo estagirita como o bem mais elevado. Ela precede o indivíduo. O homem não se contenta apenas com a união da família, da aldeia. É na pólis (cidade) que ele se realiza e desenvolve suas potencialidades. Aristóteles chega a afirmar que o homem não se sente atraído pela vida em sociedade ou é um bruto ou é uma divindade. Aristóteles une a moral à política. A pólis é o local da administração da justiça, e esta é a maior virtude moral.

QUESTÕES
1.    Por que Platão considera a democracia um regime político impróprio?
2.    Em que sentido, podemos afirmar que o homem é um animal político?
3.    Qual é a relação existente entre moral e político no pensamento aristotélico?

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Política I


INTRODUÇÃO À FILOSOFIA POLÍTICA

A filosofia dedica uma de suas áreas de estudos à política. É a filosofia política. Para começo de conversa, o termo Estado vem do latim status (“estar firme”), com o sentido de permanência de uma situação de convivência humana ligada à sociedade política.  Segundo Max Weber (1864-1920), Estado é “a instituição política que, dirigida por um governo soberano, reivindica o monopólio do uso legítimo da força física em determinado território, subordinando os membros da sociedade que nele vivem” (COTRIM, p. 312).
Depois de definir o Estado, devemos buscar entender a sua função. Apresentaremos duas definições: Resposta liberal e resposta marxista.  A corrente liberal defende que a função do Estado é conciliar os conflitos existentes entre os diversos grupos que compõem a sociedade. Ele deve harmonizar grupos rivais para prevalecer os interesses do bem comum. São defensores dessa posição os filósofos iluministas John Locke e Jean-Jacques Rousseau.
A corrente marxista analisa a função exercida pelo Estado e não aquela função que deveria ser.  A função do Estado é garantir o domínio de classe, principalmente, daquela classe que tem maior poder de influência, a mais poderosa.
O Estado exerce o poder através da administração pública. Já a sociedade civil é definida como aquelas relações sociais estabelecidas fora do poder institucional do Estado.  Essas relações geram conflitos, divergências de idéias e de ações, nesses casos o Estado é chamado a intervir.  Os partidos políticos atuam como pontes para mediar a relação Estado/Sociedade civil.
Outro conceito importante é o de regime político. O regime político é o modo característico pelo qual o Estado se relaciona com a sociedade civil. Existem basicamente dois regimes políticos: Democracia e ditadura.
A democracia é o regime político segundo o qual o povo participa do poder através de seus representantes. O modelo atual é chamado de democracia representativa.  Suas características são a participação política do povo, a divisão funcional do poder em legislativo, judiciário e executivo e vigência do Estado de direito (o Estado também obedece a lei geral).
A ditadura é o regime no qual o poder é exercido exclusivamente por um governante ou partido sem a divisão dos poderes. São características da ditadura: Eliminação da participação popular nas decisões políticas, a concentração do poder político, a inexistência do Estado de direito, fortalecimentos dos órgãos de repressão e o controle da mídia.

QUESTÕES
1.    Qual é a definição de política?
2.    Analise e comente o conceito de Max Weber para Estado.
3.    Em que sentido podemos falar de uma contraposição entre sociedade civil e Estado?
4.    Qual deve ser a função dos partidos políticos em relação à sociedade civil? Em sua opinião, eles cumprem essa função no Brasil?
5.    Regime político é o modo característico pelo qual o Estado relaciona-se com a sociedade civil. Como se relacionam com a sociedade civil os regimes políticos democrático e ditatorial? Detalhe suas características.
6.    Como você analisa a pretensão de alguns setores da sociedade brasileira de retornar a ditadura militar no Brasil?
7.    Pesquise sobre os principais partidos brasileiros e o que cada um propõe para o país.

*Depois de anos de repressão muitos brasileiros desejam o retorno da ditadura militar. O fato mostra claramente um desconhecimento da história do país e do valor da democracia (foto).
 

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