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domingo, 2 de junho de 2013

Filosofia e a condição humana

A tragédia na filosofia e o conceito de amor fati

Apesar de haver caminhos para a superação dos medos da vida, o medo da tragédia preocupa todo mundo. Acidentes, crimes e doenças alteram algumas vidas profundamente. O maior desafio de quem experimenta um sofrimento extremo é a reconstrução do sentido. Como fazer continuar valendo a pena a vida de diante condições limitadoras?
Como prevenção para as ciladas da vida, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche introduz um conceito muito importante, o amor fati (amor ao destino).  

Amor fati: seja este, doravante, o meu amor! Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que a minha única negação seja desviar o olhar! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia, apenas alguém que diz Sim! (NIETSCHE, Aurora, § 276).

O amor fati significa amar o inevitável, amar o destino, amar o justo e o injusto, o amor e o desamor. Em outras palavras, a saída mais positiva para conviver com as adversidades é não reclamar da vida. Sabemos que esta postura não é fácil de ser assumida, torna-se possível somente quando se compreende que podemos dar sentido à vida em qualquer situação e que a solução mais honesta é aceitar o imutável e plantar a partir dele nosso modo de viver.

Minha fórmula para a grandeza no homem é amor fati: nada querer diferente, seja para trás, seja para frente, seja em toda a eternidade. Não apenas suportar o necessário, menos ainda ocultá-lo (...) mas amá-lo...” (NIETZSCHE, Ecce homo, § 10).

A aceitação do inevitável é a descoberta de que quem pode dar sentido à nossa vida somos nós mesmos, não temos que esperar uma intervenção alheia. Tendo em vista uma compreensão completa deste conceito é preciso advertir que não se trata de conformismo. A tragédia é justificada pela sabedoria como ‘tinha de ser assim’, o melhor seria dizer ‘tornou-se assim’. Então, se é inevitável vamos dar à vida um novo sentido. É uma decisão que requer coragem!
Na antiguidade, os filósofos estoicos ensinavam que através do autocontrole é possível superar essas emoções destrutivas. Nesta corrente filosófica aconselha-se a indiferença em relação às coisas externas. O homem não deve se deixar escravizar pelas paixões, antes deve viver conforme a lei racional da natureza. Esta indiferença ajudaria a superar as tragédias!

Para pesquisar
Amor fati: Amor ao destino. Expressão latina.
Estoicismo: Escola de filosofia fundada por Zenão de Cítio cujo princípio norteador é a proposta de se viver segundo a lei racional da natureza.
Friedrich Nietzsche: Filósofo alemão, viveu de 1844 a 1900.
Zenão de Cítio: Filósofo grego, viveu de 333 a. C a 263 

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