O que os filósofos têm
a nos dizer?
José
Aristides da Silva Gamito
Nos
últimos anos, a filosofia vem ganhando espaço no Brasil. Há muitas publicações
com a intenção de torná-la popular. O academicismo e a ausência da disciplina
na educação básica afastaram este conhecimento do grande público. Mas
atualmente com este crescente reconhecimento há uma possibilidade desta área do
saber voltar a ser parte integrante da formação das próximas gerações.
Ainda
somos indagados sobre o que a filosofia tem a nos ensinar para a vida prática. Precisamos discernir bem sobre que proposta de
ensino de filosofia nós temos para apresentar. Primeiro, temos de desfazer
aquela ideia de que filosofia é um conhecimento abstrato e inacessível. Segundo,
no intuito de popularizá-la, devemos evitar que ela se torne uma “autoajuda” de
péssima qualidade.
A
filosofia possui 25 séculos de experiência acumulada. Já se pensou sobre os
mais variados assuntos. Tudo que o homem é, faz e representa em sua interação
com o mundo interessa ao filósofo. Já se ocupou sobre a origem da existência,
sobre a felicidade, sobre o Estado ideal, sobre o dever moral, sobre os fins
últimos do homem, o valor do conhecimento e da ciência, a verdade, sobre a
linguagem e o sentido da existência.
A
filosofia tem muito a dizer sobre a vida diária de qualquer cidadão: Os males
mais temidos do mundo contemporâneo são o sofrimento e a privação de bens e de
poder. Hoje quase todo mundo quer ser impassível e eternamente jovem. Os epicuristas,
por exemplo, ensinaram que não devemos temer a morte e nem sofrimento. A morte
jamais será simultânea à nossa existência e todo sofrimento é provisório. Ou o
sofrimento passa ou nós morremos, não há como sofrer sempre.
Para
um mundo tão tumultuado, os estoicos diriam que devemos ter o autocontrole e
não deixar que as emoções perturbem nosso bem-estar. São formas de autoajuda, a
diferença é que na filosofia não se vende uma fórmula barata de felicidade.
Se
você perguntar se a filosofia só tem isso a dizer. Conselhos tão intimistas
assim?! Não. Ela é também “alterajuda[1]”.
Se você pensar em Marx, Hans Jonas e Peter Singer, você vai perceber que a
filosofia nos indaga à transformação do mundo também. Você não pode viver só
para si! Nossas ações são coletivas. Quem passa fome diz respeito a mim também.
Portanto, a filosofia pensa o homem e suas representações do mundo. E as
consequentes interações com o mundo. Principalmente, questiona a qualidade
dessas interações!
Portanto,
tudo que o homem é, faz e representa em sua interação com o mundo interessa ao
filósofo. A filosofia tem muito a nos ensinar!
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